A política sempre foi marcante em minha vida. Foi por causa dela que, ainda na infância, vim parar no Brasil, com meus pais e irmãs. Agora, me obriga a contar a um pouco de minha história pessoal e profissional.
Meu pai, Gregorio Marin Burdio, nascido em Zaragoza, na Espanha, em 1911, foi um idealista. Muito jovem ainda, ele entrou para o núcleo duro do movimento anarquista espanhol, caminho que o carregou para as trincheiras da sangrenta Revolução Espanhola. Com a derrota dos Republicanos para as tropas de Franco, ele se exilou na França e ficou três anos em campos de concentração. Deixou na Espanha minha mãe, Concepción Preciado Garcia, grávida de minha irmã Asunción.
Quando a Segunda Guerra estourou e a França caiu em mãos alemãs, ele decidiu voltar para a Espanha. Preferiu as prisões franquistas - onde esteve por dois meses logo em sua chegada - aos campos de extermínio nazistas. Foi nessa ocasião que conheceu minha irmã, então com 2 anos de idade.
Livre da cadeia, meu pai retomou uma vida quase normal com minha mãe. Não militava mais, até porque isso era proibido, mas por conta de seus antecedentes anarquistas, era obrigado a se apresentar à Guardia Civil todos os meses.
A família toda sempre trabalhou muito duro. Na crise da Europa devastada pela guerra, meus pais conseguiram construir uma pequena fábrica de chorizo e morcilla, embutidos típicos da região de Aragão, Burgos e Valência. Produziam, no inverno, quase uma tonelada de lingüiça por dia. Com o passar dos anos, ele se tornou um pequeno empreiteiro na construção civil e conseguiu conquistar uma condição social melhor.
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